Mercado de CRA se transforma em oportunidade de financiamento para pequeno produtor

Mercado de CRA se transforma em oportunidade de financiamento para pequeno produtor

O acesso a este tipo de instrumento também passa pela maior transparência com que se pode acompanhar o recurso aplicado. Se há maior conforto do investidor com o nível de informação e controles que se tem de uma emissão de CRA de risco pulverizado (muito produtores rurais como devedores), é mais provável que os grandes distribuidores também se vejam em condições de distribuir e monitorar operações de CRA com este perfil de risco. É para atender principalmente a esta demanda que a Laqus (antiga Mark 2 Market) fez seu pedido à CVM para operar como Depositária de CRA, em concorrência à B3. Sua proposta é de um ambiente mais transparente, aberto e com melhor acesso à informação, no qual as Agrotechs poderão prestar seus serviços e informações, dando publicidade ao mesmo tempo para todos os envolvidos ou interessados.

Mas não basta apenas um novo ambiente ou uma nova tecnologia, é preciso uma mudança de mentalidade e cultura para a aceitação desta nova proposta, o que a Laqus aposta em rápida adoção, pois trata-se de um novo tipo de operação que os principais estruturadores e distribuidores hoje ou não fazem ou operam volume muito pequenos. Quem agradece é o produtor, que com o crescimento da safra e manutenção do financiamento por recursos direcionados ficava sem alternativas de financiamento.

Um ponto importante de destaque é a capacidade que um ambiente como o da Laqus pode dar aos bancos na concessão de novo crédito ao setor. Neste sentido, a securitização pode ser muito útil para a reunião de operações de crédito originalmente concedidas por um banco em forma de lastros de um novo CRA, este então vendido a investidores do mercado de capitais, sejam pessoas físicas, investidores institucionais ou estrangeiros. Este movimento permitirá um maior espaço aos principais bancos privados para que avancem na concessão de novo crédito, fazendo aquilo que é o foco de sua atividade: avaliação do risco de crédito e garantias para antecipação de recursos ao produtor. Este movimento trará uma nova dinâmica ao mercado de CRA, na qual as securitizadoras, emissoras de CRA, passarão a ser parceiras dos bancos e não apenas um veículo como nos casos do CRA corporativo de risco concentrado, liberando espaço nos balanços das instituições financeiras para novas concessões e trazendo um recurso novo para preencher esta lacuna, o do mercado de capitais.

Por fim, aguarda-se a viabilização do Fundo de Investimento do Agronegócio, primo-irmão do Imobiliário e que transfere o benefício fiscal da isenção de tributos sobre a renda ao cotista do fundo. Isso fará com que o investidor institucional passe a dar maior atenção a este tipo de financiamento e, consequentemente, necessite de mais informação para suas análises e escolha dos melhores ativos. Novamente, uma IMF nos moldes do que a Laqus pretende ser, beneficiará o investidor institucional na sua chegada a este mercado tanto quanto os bancos, o investidor estrangeiro e, claro, as pessoas físicas.


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