NA MÍDIA – Suno, dezembro de 2021
É comum ouvir de empresas, inclusive as de médio porte, que a captação de recursos no
mercado de capitais é só para “gente grande”. Até aquelas fora do eixo RJ-SP, mesmo maiores,
sentem-se intimidadas, tanto pelas siglas quanto pela linguagem com termos chiques em
língua estrangeira e afins.
O curioso é que muitas dessas empresas teriam boas condições de acessar recursos de fundos
de renda fixa privada, por exemplo, e despertariam grande interesse de Family Offices – só
para ficar em um perfil de investidor mais adepto ao risco. Normalmente, as boas condições
são determinadas pela característica média do perfil de endividamento da empresa brasileira
que não de grande porte, o que seria concentrada em crédito bancário, com maiores spreads e
mais curto prazo.
Mas, se as condições são boas e há interessados nesta desintermediação do crédito que só os
bancos conhecem hoje, por que é difícil a popularização dessa fonte de recursos? Na minha
visão, pela junção de três fatores:
1) Educação financeira: o desconhecimento e a desinformação dificultam o entendimento
do que pode ser o benefício econômico para a companhia, mantendo-a nas linhas
convencionais de crédito.
2) Liquidez: cada vez mais, gestoras de recursos e fundos interessados em renda fixa
privada têm surgido, o que cumpre um papel fundamental de liquidez tanto em
mercado primário, para grandes emissões ou de risco mais elevado, como para o
mercado secundário. Isso permite que pessoas físicas, ao investirem nesse tipo de
operação, possam reaver seus recursos antes do vencimento da operação.
3) Capilaridade: há recursos para serem alocados, mas os gestores desconhecem as
empresas. As empresas, por sua vez, desconhecem os gestores e seus critérios para
liberação de recursos. É preciso uma rede ampla de atendimento para que as duas
pontas se encontrem.
Acredito muito que a capilaridade é o fator crítico de sucesso para o crescimento mais
acelerado da participação desta fonte de recursos junto a empresas médias, no mínimo.
Informá-las sobre a forma e em quais condições poderiam acessar o mercado de capitais,
tendo a tecnologia disponível hoje como grande alavanca, melhora a educação, o que fomenta
a liquidez e retroalimenta os agentes que entregarão essa capilaridade.
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